A inteligência artificial deixou de ser uma tecnologia futurista para fazer cada vez mais parte do dia a dia das empresas. Uma vertente dessa tecnologia, a automação de processos, deve ganhar mais força agora que empresas buscam reduzir custos e aumentar a eficiência com a crise gerada pela pandemia do novo coronavírus.
De acordo com uma pesquisa da consultoria Bain & Company, três a cada quatro executivos irão aumentar os investimentos em automação, principalmente aqueles vindos de inteligência artificial e machine learning. A automação é frequentemente associada a inovações mais distantes como carros autônomos, mas pode ser usada em operações mais simples, como analisar padrões de consumo e dados financeiros. Entre os principais motivos para a aceleração desse uso estão a redução de custo e a expansão para novos segmentos de consumidores.
Um dos motivos é que a tecnologia está mais acessível. Até então, a maior dificuldade era levantar uma boa base de dados em cima da qual a IA cria os relatórios e recomendações. Nos últimos anos, as empresas já realizaram o investimento necessário para levantar essa base de dados e identificar seus clientes. Há também mais fontes para conseguir essas informações. Se antes apenas uma seguradora tinha o histórico de uso de um cliente, como sinistros ou se os boletos foram pagos em dia, por exemplo, hoje esses dados estão mais acessíveis para diversas empresas.
Os funcionários que normalmente precisam fazer esses levantamentos manualmente ficam livres para dar contribuições maiores e dar soluções mais inteligentes. “As empresas terão um esforço maior de treinamento dos funcionários para habilitá-los para outras funções”, diz Lívia Moura, sócia da Bain & Company.
Setor financeiro e varejo
Entre os setores que mais devem apostar na automação são empresas financeiras e varejistas – 93% e 91% dos executivos disseram que irão acelerar as iniciativas de automação, respectivamente. Isso porque, segundo a executiva, esses são alguns dos setores que mais podem ganhar eficiência na adoção.
Quanto mais fragmentado o público de uma companhia, mais a inteligência artificial pode ajudar a oferecer os melhores produtos ou serviços. No varejo, a atuação do vendedor é muito importante ao direcionar a venda, mas pode ser mais efetiva ainda ao conhecer melhor o consumidor – ao entender o que ele pesquisou no site ou ao saber quais foram suas compras anteriores, por exemplo.
É também possível saber como ele navega pela loja, em qual prateleira ou corredor passou mais tempo e que itens abandonou no carrinho de compras virtual. “Se uma loja me oferece o que eu não quero, não vou voltar a procurá-la. Por isso a inteligência artificial pode ajudar a fidelizar o cliente”, diz Moura.
Já no setor financeiro a automação facilita a determinar os juros e taxas a serem cobrados de um cliente, assim como o melhor perfil de crédito ou investimento. “As jornadas digitais e físicas dos consumidores estão cada vez mais integradas. Assim, as empresas têm mais chance de conhecer e fidelizar o consumidor”, diz a executiva.
Fonte: Exame.com, escrita por Karin Salomão