Dólar, varejo e indústria trazem otimismo para a economia

11/12/2020
Imagem: Gajus-Images, de envatoelements
Imagem: Gajus-Images, de envatoelements

A economia voltou a apresentar sinais positivos, em meio ao cenário complexo da pandemia. Em outubro deste ano, o volume de vendas do comércio varejista nacional subiu 0,9% frente a setembro, sendo a sexta taxa positiva consecutiva. Em relação a outubro de 2019, o comércio varejista subiu 8,3%, quinta alta seguida. Os dados foram divulgados, ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC).

“Depois de quedas muito expressivas em março e abril, o varejo vinha em trajetória de crescimento, porém em ritmo de desaceleração — maio (12,2%), junho (8,6%), julho (4,6%), agosto (2,9%) e setembro (0,5%). Esse resultado de outubro mostra um repique para cima, que precisamos ter cuidado para avaliar como uma retomada da aceleração. No mínimo, mostra um fôlego da economia num patamar que já estava alto”, analisa o gerente da PMC, Cristiano Santos.

Entre setembro e outubro deste ano, sete das oito atividades pesquisadas tiveram alta: tecidos, vestuário e calçados (6,6%); livros, jornais, revistas e papelaria (6,6%); equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (3,7%); artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (2,3%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,9%); combustíveis e lubrificantes (1,1%); e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,6%).

A exceção ficou por conta do segmento de móveis e eletrodomésticos, que recuou 1,1%, de setembro para outubro. No acumulado no ano, o varejo cresceu 0,9%, após ficar estável em setembro e cair nos cinco meses anteriores. Já o acumulado em 12 meses ficou em 1,3%.

O volume de vendas no varejo, em outubro de 2020, manteve a trajetória de crescimento iniciada em maio de 2020, após dois meses de queda por conta da pandemia da covid-19. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a quinta taxa positiva consecutiva também é a maior variação, em termos de magnitude, dos últimos cinco meses.

CNI confiante
O bom momento no varejo também se verifica na indústria. Os empresários estão otimistas com relação ao desempenho da economia brasileira. Segundo a Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) relativa a dezembro, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) foi de 63,1 pontos, um aumento de 0,2 ponto em relação ao mês de novembro, quando estava em 62,9 pontos.

Em meio à pandemia, o Icei registrou uma forte queda em abril, quando chegou a 34,5 pontos, o menor índice da série histórica. De junho a setembro, a confiança dos empresários apresentou forte recuperação. Em outubro, o indicador ficou estável, mas cresceu novamente em novembro e voltou a ficar estável no mês atual.

“Nesses últimos meses, de variações menores em patamares elevados, o índice vem reforçando a confiança dos empresários da indústria com relação à economia brasileira e às suas empresas”, diz a nota da CNI.

A manter a tendência otimista, a confederação espera que a indústria, que já alcançou níveis da pré-pandemia, retome a trajetória de crescimento, com aumentos graduais da produção, do investimento e do emprego.

Dólar rumo aos R$ 4,50
Seguindo uma tendência de depreciação global, o dólar caiu expressivos 2,67% no câmbio brasileiro e encerrou o dia vendido a R$ 5,03 — menor nível desde a primeira quinzena de junho deste ano. Operadores do mercado financeiro já veem o dólar sendo negociado entre R$ 4,50 e R$ 4,75 se o governo não fizer nenhuma estripulia na área fiscal.

Segundo o economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, tecnicamente, a moeda norte-americana está mais para R$ 4,50 do que para R$ 5,50. Padovani reconhece que o câmbio está muito volátil, porque há expressiva cautela com as incertezas provocadas pela pandemia do novo coronavírus. Contudo, há a consciência de que um dólar a R$ 5,80, como se observou semanas atrás, está descolado da realidade.

Para o economista, os fundamentos sugerem um dólar a R$ 4,50. E lista os motivos: a moeda norte-americana está caindo em todo o mundo, o euro está se valorizando, os preços das commodities estão em alta, o risco Brasil está em baixa e os juros no país vão subir.

Não é só: em novembro, as eleições nos Estados Unidos afastaram o risco de uma crise geopolítica, com a vitória do democrata Joe Biden sobre Donald Trump. Além disso, está sobrando dinheiro no mercado internacional, por causa dos pacotes de incentivos à economia nos Estados Unidos, na Europa e no Japão.

Esse fluxo de recursos está migrando para países emergentes, entre eles, o Brasil. Parte do dinheiro é especulativa, de curto prazo, mas há uma parcela que está mais tranquila porque o ministro da Economia, Paulo Guedes, está conseguindo brecar todas as loucuras que surgem no governo na área fiscal.

Fonte: Correio Braziliense, escrita por Jailson R. Sena